Graffiti di Lucia Schiavinato al Beija-flor
4 Novembre 201250 anni della Domus Lucis di Trieste
4 Novembre 2012O segredo de Lucia Schiavinato e’ Jesus
Teve início na sexta-feira passada, dia 17 de Novembro no Piccolo Rifugio de S. Donà di Piave, em coincidência com o 36° aniversário da morte de Lucia Schiavinato, “Confio em Ti!”, um ciclo de encontros organizados pela Fundação e pelo Instituto para unir o aprofundamento da figura de Lucia Schiavinato ao Ano da fé.
Quem orientou estas reflexões foi o amigo do Piccolo Rifugio Pe. Antonio Guidolin. Encontram aqui a seguir um trecho do primeiro encontro, intitulado “Cristo está lá, na Eucaristia. É Ele! – A fé como encontro decisivo com Jesus Cristo”.
Tempo de um renovado anúncio de Jesus
Vivemos num tempo em que se faz sempre mais extensa aquela que o papa chama “uma desertificação espiritual”. Todavia esta profunda crise de fé que tocou muitas pessoas, pode ser considerada como uma extraordinária oportunidade para a própria fé.
De fato, no deserto vai-se ao essencial. Como escreve o papa na carta apostólica em forma de motu próprio “Porta Fidei” com a qual proclamou o Ano da Fé: “É exatamente a partir da experiência deste deserto, deste vazio, que podemos redescobrir de novo a alegria de acreditar, a sua importância vital para a nossa vida de homens e de mulheres. No deserto se descobre o valor daquilo que é essencial para viver (…) E no deserto precisamos sobretudo de pessoas de fé, que, com a sua própria vida indicam o caminho em direção à terra prometida”.
Lucia Schiavinato continua a ser para nós este “guia no deserto”. Sobre os passos de Lucia somos reconduzidos ao essencial.
A graça deste Ano da Fé consiste exatamente na ocasião favorável para ir ao coração da fé, e aquele coração é o próprio Jesus.
Na encíclica “Deus caritas est” Bento XVI escreve: “Ao início do ser cristão não existe uma decisão ética ou uma grande idéia, mas sim o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que oferece à vida um novo horizonte e com isso a direção decisiva”.
Equívocos…
Por demasiado tempo reduzimos o Cristianismo a um genérico amar os outros, ajudar as pessoas necessitadas. Mas este é um comportamento exigido por todas as religiões… e então, que diferença existe com a nossa?
Temos ensinado, pensado que o cristianismo está na imitação de Cristo, mas assim nos metíamos no mesmo plano do modelo a imitar: impossível!
A fé, depois, vinha freqüentemente entendida como uma adesão aos conteúdos, vindo porém a faltar a livre e total entrega a Deus.
Lucia, apaixonada por Jesus
Não se pode compreender Lucia observando-a unicamente no seu empenho social, caritativo: não se pode reduzir Lucia a um assistente social empenhado e eficiente.
Escreve Lucia: “(é necessário) compreender Cristo vivo, que faz chegar até mim e a cada um dos meus irmãos a inaudita paixão, e dá-me a possibilidade de a receber com amor e de colaborar para que cada alma a acolha”.
O segredo de Lucia é… o próprio Jesus. Todo o seu empenho social e caritativo não é outra coisa senão o fruto da sua relação com Jesus.
É significativo que para Lucia dizer Jesus e dizer Amor sejam a mesma coisa. Ao seu padre espiritual fez notar que nunca pronuncia em público e nem por escrito o nome de Jesus, mas só em privado, na intimidade da oração, porque é demasiado doce. Substitui o nome Jesus pela palavra Amor, com a A maiúscula.
E se Lucia imitou Jesus e convidava à imitação d’Ele, não o fazia por um próprio voluntarismo, mas sim porque sabia que a imitação era fruto da profunda amizade que vivia com Jesus.
A presença eucarística
Se Lucia soube reconhecer Jesus nos pobres, é porque primeiramente o reconheceu na frágil e pobre presença eucarística.
Poucos meses antes de morrer, em Janeiro de 1976, escrevia desde Grajaù: “Cristo, Verbo, Cristo Amor, Cristo homem – Deus, Cristo Salvador, Cristo Filho de Deus, Cristo primogênito ressuscitado dos mortos, Cristo está lá na Eucaristia. É o mesmo, é Ele….”.
Lucia não está fazendo espiritualismo fácil: escrevia estas palavras enquanto alguns anos atrás vivia concretamente em contato com os leprosos. Esta fé não é abstração religiosa. Assim contínua naquela carta: “Lembremo-nos: não existe nada que nos estimule para nos darmos a Ele e à Sua causa no mundo, como a sua Presença. Ele mesmo. Mas acreditar! …Uma alma bem dentro de Cristo, pode carregar o mundo inteiro às costas e sentir a responsabilidade do seu peso no plano da Salvação…”.
Uma página evangélica
Depois do grande discurso de Cafarnaum no “pão da vida”, muitos entre os ouvintes e discípulos de Jesus diziam: “Esta palavra é dura! Quem a pode escutar?”. E a partir daquele momento muitos se afastaram de Jesus e já não o seguiam.
Sobretudo no pós-concilio Vaticano II Lucia percebe o perigo que a fé na Eucaristia se esteja a ofuscar. Escreve: “Tenho receio que a doutrina para a qual Cristo se encontra nos irmãos faça prevalecer também na vossa persuasão, que basta ir ao encontro dos irmãos para encontrar Deus… Mas se uma de nós não se une a Cristo, e não recebe alimento d’Ele, o que é que dá aos irmãos? Não pode transmitir outra coisa a não ser a si mesma, com todas as suas distorções e misérias; e então para que é que serve a atividade? Que eficácia pode ter as nossas palavras ocas?”
Lucia faz eco à exclamação de Pedro: “Senhor a quem iremos? Nós conhecemos-te e acreditamos que tu és o santo de Deus”. Toda a sua vida foi marcada pela paixão de quem se sente chamada para conduzir os irmãos (sobretudo enfermos) ao encontro do Senhor.
Reencontramos o eco de Pedro em João: “Nós acreditamos no Amor”.
Pe. Antonio Guidolin